1.8.11

CONEXÃO CARRETOS MADRI - VELHO TEXTO SOBRE RODEIO

(ESCREVI ESTE TEXTO EM 2004 E NÃO CUSTA NADA REEDITÁ-LO ÀS VESPÉRAS DA FESTA DO PEÃO DE BARRETOS).

Parece uma reedição das velhas carnificinas do Coliseu de Roma. Gladiadores, armados até os dentes, com o mote de matar um leão por dia. É inacreditável que a raça humana ainda se divirta com a desgraça dos outros e não tenha evoluído o suficiente para deixar de se animar às custas da dor e do sofrimento alheios, na angústia dos seres vivos que compõem a imensa flora e a fauna do mundo.

Que graça tem em espetar uma série de lanças num animal e vê-lo sangrar até tombar? Que graça tem em amarrar cordas nos escrotos de um animal e vê-lo pular de aflição? Quem é o mais irracional? Quem está em cima ou está embaixo do animal? Ou será a platéia que assiste faminta aos espetáculos de horror?
Estas festas sangrentas costumam movimentar centenas de milhares de dólares, euros e reais. Recebem uma média de público (medíocre) que poderia lotar nove Maracanãs. Isso sem contar a trilha sonora “pseudo-texana”, clonada do pior norte-americano, misturada ao estilo mais brega e incompetente, notas musicais sofríveis, que refugam como cavalos aos nossos ouvidos. Muita cachaça, cerveja e cheiro de churrasco no ar. Hoje tem festa de peão e os peões somos nós, peões de um tabuleiro infame e sem propósito.

Não bastasse a Farra do Boi, em Santa Catarina, onde centenas de palhaços se divertem por conta de um picadeiro "fake", montado para assistir à desgraça alheia. Não bastasse a velha "carrocinha", que captura cães e gatos e os leva ao campo de extermínio e às câmaras de supressão de ar da política nazista dos centros de zoonose, não bastassem os cavalos e os burros, que em pleno terceiro milênio, ainda são maltratados pelas ruas com chicotadas e pontapés, não bastassem as gaiolas e os aquários, a cercear o movimento dos pequenos animais, condenados à prisão perpétua para servir à estúpida animação do humano mais boçal.

Estamos na Idade Média da consciência humana! Estamos no calabouço das emoções desregradas, na Inquisição dos valores essenciais dos homens, na jaula do embotamento. Quando essa tortura natural vai terminar? Quando o sorriso de escárnio se tornará a palavra mais doce? Quando as viseiras nos olhos serão substituídas por faróis que iluminarão a Terra? Quando o homem nascerá, de fato, e viverá, de fato, no curso óbvio e inteligente da Natureza? Essa questão a Natureza pode responder com seus tufões e ciclones, maremotos e terremotos, nos fenômenos que retalham a ação insana de muitos.

Quando o homem deixará de ser um animal na ignorância, para ser um animal na pureza de um olhar, que brilha insistentemente pela razão de viver sob a égide de Deus?

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