23.10.14

PARTE DO BRASIL QUER MUDAR PARA O RETROCESSO

Eu tinha tudo para ser coxinha. Minha família inteira é um buffet. Lembro-me que minha mãe me contou que, certa vez, a minha avó, nos idos anos 60, anunciou em um jornal: - precisa-se de empregada branca.

Cresci vendo os desfiles de 7 de setembro na Avenida D. Pedro, no Ipiranga, berço da Independência. Adorava os cavalos com os Dragões. Ouvia Os Incríveis e os velhos sloogans "Brasil ame-o ou deixe-o" , além das canções encomendadas do Dom & Ravel: "Este é um País que vai Pra Frente". Roberto Carlos fazia muito sucesso, mas as músicas estrangeiras dominavam. Discoteque!!!

Lembro-me das noites com o Flávio Cavalcanti, da Semana do Presidente nos intervalos do Silvio Santos. Eu estava lá, menino, quando os moradores da Coronel Frias fecharam a rua pra comemorar a Copa de 70 (quando o Maluf deu um fusca para cada jogador).

Nas televisões branco e pretas, além dos programas de auditório, séries estadunidenses como "Perdidos no Espaço", "Jeannie é um gênio" e "A Feiticeira" pipocavam entre as pipocas feitas com óleo de milho Mazola em panela com tampa.

Os carros eram bem feios... Só a classe média e alta tinham. Pobre andava de ônibus ou trolebus. Não havia metrô. Eu lembro que meu tio  visitava minha casa, no Ipiranga, com o seu Mercedes Bens estacionado com o choffer. Minha irmã até hoje não gosta do Ipirangão por ser essa gente diferenciada (antes era mais..).

Avião? A Pan Air era a principal companhia, mas foi desbancada (por questões políticas) pela Varig. Viajar de avião era um alvo muito distante e caro. Disney só em sonho. Europa, só para milionários.

E as roupas? Pobre era esfarrapado. Grifes como Soft Machine e Fiorucci só as cocotas e os empinadinhos (não havia os termos mauricinho e patricinha).

Negro tinha cabelo pixaim, não havia chapinha. E todos falam de cabelo carapinha deles. Os brancos diziam que eles quando não cagavam na entrada, cagavam na saída. Tinha piada de negro pra todos os lados.

Homossexual era motivo de chacota e apanhava na rua (e continua apanhando). Lésbica só em revista sueca de sacanagem.

Fumar era status. Bebia-se Cuba Libre e só tinha duas cervejas: Brahma e Antartica. A Skol em lata chegou depois.

A vida cotidiana era assim: os miseráveis e favelados (a maioria taxada de bandidos), os pobres, mas limpinhos (que eram e tinham que ser subservientes), a classe média (que sempre se fodeu, mas gostava disso), e os ricos (que eram seres superiores).

E assim caminhamos durante tantos e tantos anos... desde 1500 até 2002, quando entrou um governo de esquerda (não tão radical) e começou a mudar este cenário. E é justamente pela mudança deste padrão é que boa parte dos brasileiros desejam a mudança! A mudança para o que era antes... A mudança para o retrocesso.

Eles não suportam ver a erradicação da miséria e da fome porque se alimentavam dela. Não aguentam ter que dividir os assentos do avião com o negro, o pobre e o nordestino. Detestam ver um trabalhador com um carro melhor que o deles. E não aguentar mais calar aquelas velhas frases de ódio racial que bradaram durante tantos anos...

Hoje eles se apegam a qualquer coisa que os livre deste presente, rumo ao passado!

20.10.14

Este é o País que vai pra frente! Dando passos pra trás.

O Brasil pede mais educação sem educação alguma.
O Brasil pede mais saúde com atitudes mais doentias.
O Brasil pede mais união acariciando a discórdia.
O Brasil pede mais ações sociais pensando só em si.

O Brasil quer democracia sonhando em ser ditadura.
O Brasil quer ser mais honesto encobrindo a corrupção.
O Brasil quer ser mais rico aumentando a pobreza.
O Brasil quer ser mais querendo voltar a ser menos.

O Brasil preza mais segurança com gestos bandidos.
O Brasil preza mais respeito agredindo os mais fracos.
O Brasil preza mais lucidez se embriagando...
O Brasil preza mais liberdade aumentando o número de prisões.

Este é o País que vai pra frente! Dando passos pra trás.

Maurício Santini



10.10.14

O BRASIL ADORA A MONARQUIA E A ESCRAVIDÃO


O Brasil é eternamente infectado com o vírus da servidão. Nós temos este vira-latismo impregnado desda as priscas eras da colonização. O Brasil adora uma monarquia, gosta de chamar os outros de Reis e Rainhas. O Brasil do Pelé, o Rei do futebol, grande jogador, mas que não teve atitudes nobres na vida, nem para reconhecer uma filha que fez em sua vida real. O Brasil do Rei Roberto Carlos, grande cantor, mas que se eximiu de ajudar o Brasil de sair das garras da ditadura militar, enquanto que os artistas amigos eram exilados pelo AI5. A Rainha Xuxa, fabricação da Rede Globo de TV, que transou com o garotinho menor de idade em cena de Amor, Estranho Amor e depois mandou retirar os filmes das locadoras porque isso iria depor contra a alcunha de Rainha dos Baixinhos.

O Brasil adora uma escravidão! "Vida de gado, povo marcado, povo feliz!", já dizia Zé Ramalho. Por que digo isso? Porque a classe média tradicionalista, conservadora e elitista, principalmente a do sudeste, não suporta a ideia de um negro poder comprar um carro melhor que o do empresário. Detesta a condição de sentar no mesmo avião que uma mulher nordestina com trejeitos de pessoa simples e vestido de chita,  

O Brasil de vinte anos atrás não conferia esta chance ao povo. Andar de avião era para os executivos e as pessoas abastadas. Automóvel de luxo era de propriedade exclusiva dos mauricinhos e patricinhas. Roupas de grife, nem pensar. Casa própria, um sonho muito distante... Não me diga ao contrário! As ditas classes média e alta são castas superiores neste país. E o resto é uma gente diferenciada. Classes preconceituosas que sempre falaram: - negro quando não caga na entrada, caga na saída! São racistas. Classes que detestam o povo, os pobres, os miseráveis. 

Estas mesmas pessoas que vociferam contra os negros e nordestinos, numa atitude neo-nazista e fascista, são os que bradam "macaco" nos estádios, são os que agridem os gays na Avenida Paulista. São os que elegem a Bancada da Bala e seus delegados carniceiros. São os que elegem a Bancada de Deus, este Deus preconceituoso que eles inventaram. O Deus que condena o homossexualismo, julga o maconheiro. O Deus (sendo que a voz deste povo é a voz deste Deus) que elege o Pastor Marco Feliciano, que eleva o Silas Malafaia, que coloca a Família Bolsonaro em Brasília. 

Esta classe média elitista e monárquica conta com o apoio da mídia golpista (leia-se a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, etc). Há 50 anos atrás, esta mesma mídia saiu em passeata junto a Tradição, Família e Propriedade (TFP), aos políticos ultrarradicais de direita, ao clero conservador, aos industriais da FIESP, a favor do Golpe Militar de 64. O mesmo golpe que matou milhares de pessoas, torturou militantes como a própria Dilma Rousseff (que eles chamam de terrorista vagabunda), expulsou artistas e intelectuais, estuprou a vontade popular que havia eleito o Jânio Quadros (que foi obrigado a renunciar) e o vice João Goulart, que teve que sair às pressas acusado de comunista (acusar de comunista??? por que? que mal há?).

Hoje, este mesmo bando formado pelas "classes mais favorecidas" (principalmente as dos sudeste brasileiro), a mídia golpista, os industriais, os religiosos,os tradicionais, voltou à tona e apoia o candidato herdeiro do mancomunado com os militares: Tancredo Neves. Um homem que foi colocado pelos próprios milicos para fazer a transição do governo militar para o civil, Eles votam agora no Aécio Neves, não porque admiram o candidato tucano e sim, porque abominam as políticas sociais do PT e dos partidos de esquerda e que conferem dignidade e igualdade ao povo brasileiro. Este bando detesta o povo. Este bando quer escravizá-lo. 



Gêneros, raças, credos... estamos, mas não somos!

Somos espíritos encaixados em corpos perecíveis. Tal pensamento de Krishna corrobora com uma série de situações do cotidiano. Entre elas est...